terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Romance Histórico


O romance histórico é um género que, à partida, parece obedecer a uma regra muito simples: partir de um “esqueleto” retirado da verdade histórica cientificamente aceite e envolvê-lo em tramas ficcionais que lhe confiram um aspecto atractivo e ao mesmo tempo credível. Ou dito do forma mais simples: “embrulhar” a realidade num contexto ficcional.
Se a receita é simples, já a sua execução se torna bem mais complicada e daí resultam numerosos equívocos. A proliferação de maus romances históricos tem a ver, na minha opinião, com aquilo que acontece na culinária: por vezes exagera-se num ingrediente da receita e o resultado é catastrófico. O segredo parece ser dosear na medida certa os ingredientes. E eles são, tão só, a verdade e a ficção. O exagero na ficção adultera a verdade histórica e confere inverosimilhança ao enredo. Por outro lado, o exagero no relato histórico retira interesse literário à obra.
Como definir então um bom romance histórico? Certamente não basta esse equilíbrio para que a obra tenha qualidade. Além da necessária imaginação do autor para criar um enredo envolvente e com incerteza no desfecho (suspense) é necessário evitar os anacronismos e adequar o mais possível a linguagem à época em que se situa o enredo.
Por tudo isto, julgo que só na aparência se trata de um género fácil. Aliás não são muitos os grandes escritores que obtiveram sucesso neste género. Destaco três deles como verdadeiros mestres do Romence histórico: Walter Scott, que foi o verdadeiro pioneiro do género, com o maravilhoso “Ivanhoe”, Leon Tolstoi com “Ana Karenina” e essa obra-prima da literatura mundial que é “Guerra e Paz” e o nosso contemporâneo Umberto Eco com três romances que considero exemplares: “O Nome da Rosa”, “Baudolino” e “O Cemitério de Praga”.

Sem comentários:

Enviar um comentário