terça-feira, 23 de agosto de 2011

Jorge Amado e o Prémio Nobel


Jorge Amado é um dos escritores de quem se diz ter merecido um prémio Nobel da literatura. As razões pelas quais nunca o obteve não são, a meu ver, muito difíceis de explicar. Se, por um lado, ele é vítima da pouca atenção que a língua portuguesa merece na Europa, também não deixa de ser verdade que a sua escrita é demasiado “popular” para os gostos da academia sueca.
Parece ser já uma verdade universal que o prémio Nobel se dirige preferencialmente para escritores pouco populares. A escrita reflexiva é preferida ao estilo descritivo; a dimensão filosófica é mais apreciada que o impacto da escrita na realidade social; as implicações ideológicas são mais importantes que a leveza do humor; a inovação é valorizada em relação ao sucesso editorial. E, se repararmos bem, os livros de Jorge Amado têm como pontos fortes precisamente os dados da equação que enunciei em segundo lugar: estilo descritivo, com forte impacto na vida social da sua época, um humor delicado e ao mesmo tempo eficaz, tudo isto combinado com um tremendo sucesso de vendas.
Podemos dizer, correndo o risco do simplismo que Jorge Amado é demasiado popular para obter um Prémio Nobel.
Muitas vezes se discute esta questão, mas há um pormenor que por vezes esquecemos: o prémio Nobel só é atribuído em vida e, por outro lado, só ocorre uma vez por ano, o que torna impossível abarcar todos os grandes escritores de sucesso. O mesmo ocorreu com grandes génios da literatura mundial como Kafka, Tolstoi, Musil, Wolff, Joyce, Conrad ou Gorki. O que quero dizer com isto é que o Nobel está longe de ser a marca distintiva de um génio literário. E Jorge Amado há muito tempo que é um dos maiores génios de sempre da literatura mundial.

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